Na correria dos bastidores: os personagens que produzem o FAM
- Mateus Mello e Francisco Duarte
- 25 de jun. de 2016
- 3 min de leitura

Da pipoca à iluminação, os responsáveis por fazer o festival acontecer.
Gui Campos, Piu Gomes, Teka Simon e Camila Oliveira são alguns dos diretores e roteiristas premiados na cerimônia de encerramento que aconteceu às 20 horas desta sexta-feira. O fim do evento pode ser início ou a continuação do período de vida útil de suas películas nos circuitos de exibição. E quanto às pessoas que trabalharam dia e noite na produção do festival? Quem são elas?
40 dias antes do evento, a equipe executiva do FAM começa a analisar currículos de pessoas interessadas em trabalhar na produção e receber indicações de pessoas que já fazem parte da equipe.
O secretário Felipe Gonçalves, 32, e monitora Myoren Mujica, 24, são dois dos funcionários que atuaram no FAM pela primeira vez. Ambos possuem ensino superior completo – ele é pós-graduado em Letras Português, ela, graduada em Relações Internacionais –, o que não os atrapalhou ao ocuparem vagas com pouca exigência de nível técnico.
“É uma maneira de eu me incluir num projeto superinteressante que eu me identifico. Uma ajuda mútua: Eles precisavam de gente e eu precisava trabalhar”, diz Myoren Mujica.
Ao lado dos recém-chegados, encontramos a “velha-guarda”. Vendendo pipoca na entrada do Centro de Eventos, Dona Ivone, aos 57 anos completou 17 de FAM nesta edição. Ela e o marido – que, durante algumas das edições, dividia o tempo entre o carrinho e os palcos, onde se apresentava como o Palhaço Babalu – são do tempo em que o evento acontecia no centro da cidade. Foi no ano de 2000, durante a terceira edição, que surgiu a oportunidade de levar o carrinho de pipoca para imediações do festival. Ela conta que estava trabalhando no local de costume, quando uma amiga funcionária do FAM brincou: “Temo que ir lá vender pipoca”. Na hora ela não deu bola, mas a noite, quando contou ao marido, ele ficou interessado e foi se informar.
Com mais tempo de FAM, só mesmo João Ernesto, ou “Catanha”, seu nome de guerra. O eletricista que cuida da iluminação do festival tinha 40 anos de idade quando assumiu essa função, na estreia do evento. No currículo, ao lado das 20 edições do FAM, suas participações em diversos curtas e longas-metragens catarinenses. Entre eles, Alva Paixão, de Maria Emilia de Azevedo; Procuradas, de José Frazão e Zeca Pires e Desterro, de Eduardo Paredes. Seu nome também aparece nos créditos de Novembrada, outro filme de Eduardo Paredes . O curta eleito que ganhou o prêmio de Melhor Filme de 1998, por júri popular, no Festival de Gramado, foi uma das películas exibidas na primeira mostra de curtas do Mercosul – que aconteceu na segunda edição do FAM (não houve exibição de filmes na primeira edição do evento).

João Ernesto, o Catanha, cuida da iluminação do festival há 20 anos.
Catanha não é a única pessoa da produção que já viu seu nome nas telas do FAM. O evento, que chama atenção de muitos estudantes que desejam exibir seus trabalhos de conclusão de curso (TCC), também atraí os frilas do audiovisual. Desaprumo, o TCC de Marcos D’Elboux – formando em Cinema pela Unisul, no segundo semestre de 2006 – foi só o primeiro trabalho assinado pelo filmmaker de 37 anos a ocupar as telas do festival. Há cinco anos D’Elboux é quem grava as imagens de making of dos “resumões” exibidos antes de casa sessão. No resto do ano, fotografa e faz frilas em produções cinematográficas e publicitárias. Foi diretor de fotografias nos filmes Final feliz, de Thiago Oliveira, Aflora, de Maíra Machado e As pessoas e as coisas, de Maria Beatriz Ribas.
Malcon da Silveira, de 42 anos, é outro cineasta de formação que trabalha por ali. Mas a sua história tem um detalhe, no mínimo, curioso: ele se graduou no Instituto Superior de Arte, em Havana, Cuba. Depois de se decepcionar como diretor em seu TCC, Malcon da Silveira trabalhou na fotografia de alguns documentários para a filial equatoriana da emissora TeleSUR (Venezuela). Hoje em dia vive de frilas como fotógrafo; no FAM, onde completa oito anos, é quem supervisiona o pessoal com menos experiência. Sobre a equipe da organização, ele acha:
“Mó barato. As pessoas já se conhecem, já conhecem o trabalho de cada um – inclusive as limitações de cada um: tem pessoas que tem certas habilidades de reposta, outras não... Quando você já conhece um pouco ou o grosso da equipe, a coisa é mais fluída”.
A 20ª edição do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM) encerrou ontem. Além dos 50 filmes exibidos, aconteceram sete fóruns de discussões, seis oficinas e 16 apresentações musicais nestes oito dias de evento. A organização do festival estima que mais de 20 mil pessoas participaram das atividades, que aconteceram no primeiro andar do Centro de Eventos da UFSC.
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