De playtests a mega eventos: Florianópolis é um dos principais polos de desenvolvimento de games ele
- Tadeu Mattos e Felipe Buzzi
- 19 de jul. de 2016
- 3 min de leitura

Santa Catarina é a casa de mais de 11 empresas desenvolvedoras de jogos eletrônicos
Cerca de dois mil fãs aplaudem enquanto um dos jogadores mata seus adversários em um telão para o público. Nele, dois times profissionais disputam em uma arena que te faz lembrar dos antigos jogos romanos. Período em que gladiadores eram ovacionados ao levantarem suas espadas em sinal de vitória. Hoje é diferente, esses dois mil jovens se reúnem para acompanhar a final de um dos jogos mais populares do mundo: o League of Legends.
Florianópolis recebeu, no ano passado, a primeira etapa da final do Campenato Brasileiro de League of Legends. Por mais que pareça uma brincadeira de amigos, o resultado da competição chegou a render R$ 60 mil para a equipe vencedora. O valor é apenas uma pequena porção de uma indústria que chega movimentar, somente no Brasil, até US$ 1 bilhão por ano.
A participação da cidade no radar de um dos campeonatos de games mais rentáveis do mundo não é mera coincidência. De acordo com o primeiro Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, publicado em 2014 pelo BNDES, Santa Catarina é o quarto polo de empresas desenvolvedoras de jogos, atrás apenas de São Paulo, Rio Grande de Sul e Rio de Janeiro.
O faturamento dessas empresas é variado. Apesar que a maioria (70%) dessas desenvolvedoras chegam a faturar até R$ 240 mil, uma minoria (4%) passa dos R$ 2,4 milhões. De acordo com o censo do BNDES, boa parte das empresas são jovens e não ultrapassam os seis anos de duração. Das catarinenses citadas no censo de 2014, seis delas possuem menos de dez anos.
Junto com a popularização dos smartphones, em 2009, o governo de Santa Catarina instituiu por decreto o Programa Santa Catarina Games e Entretenimento Digital, reconhecida como a SC Games. O programa promove, por exemplo, a realização de eventos voltados à divulgação de trabalhos de empresas e estimula o desenvolvimento social e econômico deste setor. A Universidade do Vale do Itajaí implantou, no mesmo ano do decreto, a graduação de Design de Jogos e Entretenimento Digital em Balneário Camboriú — em 2013 abriu a mesma graduação em Florianópolis.
A capital também se tornou um grande polo da cultura geek e gamer em geral. Acontece todo o ano, em junho, o maior evento de games do sul do Brasil, a Gamercom. Nesta festa, além dos maiores jogos internacionais serem mostrados ao público, existe um espaço dedicado à desenvolvedoras do estado. Nele, é possível que profissionais como Lucas Seeman, da Game Developer e André Amorim, da DcF Studios possam mostrar seus jogos e projetos para um público que normalmente não se interessaria.
Existe também a organização de Playtests na cidade. Eles são reuniões entre game developers em que demos, que são jogos em construção, são disponibilizados para o público testar. Sandro Tomasseti, desenvolvedor do jogo Musashi vs Cthulhu, em entrevista ao Insira a Ficha, programa da Rádio Ponto, disse como os jogadores brasileiros muitas vezes não percebem o esforço de se criar um game nacional ‘’ (...) Os jogadores até ligam, mas no fundo não entendem que nós não temos o mesmo tanto de recurso do que um desenvolvedor de fora’’.
De acordo com Caio Lopez, sócio e game designer da desenvolvedora Cat Nigiri, o investimento na área ainda é escasso por ser algo novo e arriscado no mercado. O designer usou o seu jogo Keen como exemplo, ele trabalha dando aulas de game design e faz freelance em outras empresas para pagar o desenvolvimento do produto que ainda não trouxe retorno financeiro. O jogo será lançado em uma versão demo gratuita para se observar a reação dos jogadores. Após isso, a versão paga será criada.
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