Mortes e insegurança denunciam falta de ciclovias no campus universitário.
- Oriana Hoeschl
- 19 de jul. de 2016
- 3 min de leitura
A falta de ciclovias nos entornos do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, preocupa estudantes. Um dos principais meios de locomoção escolhidos submete usuários a falta de segurança e risco de vida.
Com 30 mil discentes matriculados em cursos de graduação e 7 mil em cursos de pós, estima-se que 50 mil pessoas transitem pela universidade diariamente. Grande parte são moradores dos bairros próximos, o que deveria facilitar a utilização de bicicletas. Porém, a cada dia os estacionamentos da universidade são mais ocupados por automóveis.
Para a professora e pesquisadora de mobilidade urbana Ana Mirthes Hackemberg, o princial motivo para a predileção de carros sobre bicicletas seria a falta de infraestrutura. Uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) mostrou que 77% dos usuários do transporte coletivo e 71% dos motoristas de carro utilizariam a bicicleta caso existisse melhor estrutura viária na cidade.
Em toda a sua extenção, Florianópolis possui cerca de 18,5 km de ciclovias e ciclofaixas. Comparada com Amsterdã, considerada a capital mundial da ciclovia, o número é ínfimo. A cidade holandesa possui 500 km desse tipo de via.
Bruno Rosa, estudante de Jornalismo da UFSC afirma não ter uma experiência agradável, a pesar de utilizar a bicicleta diariamente para ir às aulas. Já o estudante de Engenharia Eletrônica, Ramon Balthazar, passou a trocar a bicicleta por caminhadas e linhas convencionais de transporte público. O motivo para preferir outros meios de locomoção é a segurança. “Sempre tenho que andar na calçada, o que acaba sendo até perigoso para quem está caminhando”, diz o estudante que mora no bairro Córrego Grande. Sobre andar entre os carros, Ramon lembra do atropelamento da estudante de Oceanografia, em 2013.
A ciclista Lylyan Karlinski Gomes, de 20 anos, não resistiu aos ferimentos após ser atropelada por um ônibus do transporte coletivo municipal. A rótula onde o acidente aconteceu é em frente à principal entrada do campus e hoje exibe uma bicicleta branca em homenagem à jovem. Após o ocorrido, estudantes se mobilizaram em busca de maior segurança e estrutura aos ciclistas da região.

Bicicleta branca colocada em homenagem à estudante de Oceanografia da UFSC, Lylyan Karlinski Gomes.
Em Florianópolis
A falta de segurança para o ciclista não é um problema exclusivo dos entornos da universidade. Florianópolis possui uma população de 421.240 hab, porém sua frota de automóveis correspondente há mais da metade disso. São 215.941 carros cadastrados no município, de acordo com o IBGE. Em toda ilha é possível observar locais onde bicicletas brancas estão expostas juntamente a flores, para lembrar um ciclista que perdeu sua vida.
A ideia de pendurar bicicletas foi uma iniciativa do projeto Bike Anjo Florianópolis, que defende a disseminação do ciclismo pela cidade. “O objetivo é também escancarar esse perigo às pessoas”, diz L. D., participante que preferiu não se identificar. O projeto também reune ciclistas mais experientes para ensinar a iniciantes sobre medidas de segurança e realiza uma vez por mês encontros do EBA (Escola Bike Anjo), onde ensinam crianças jovens e adultos a andar de bicicleta.
Melhoramentos
Com a execução do projeto de duplicação da rua Antônio Edu Vieira, há uma expectativa de melhora na mobilidade. A obra terá duração de 10 meses e trará, além de um corredor exclusivo para ônibus, uma ciclovia. Apesar de compreender uma extensão de apenas 1km do entorno da universidade, e não solucionar por completo o problema de falta de infraestrutura, a iniciativa é vista por muitos como o primeiro passo para um futuro mais amigável para os ciclistas.
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